Abertura dos festejos juninos agita a economia do Recife
- Camila Deschamps

- 17 de jul.
- 3 min de leitura
Mercados e padarias dão início às vendas de milho e de preparos com o ingrediente

O São João integra o calendário de festividades populares do Brasil e acontece há centenas de anos, tendo sido trazido ao país pelos portugueses no período das grandes navegações. Com os anos, os costumes religiosos e culturais se entrelaçaram ainda mais e moldaram as festividades que contemplam o mês de junho todos os anos. Segundo dados do Ministério do Turismo, com informações das Secretarias Estaduais e Municipais de Turismo, em 2024, a expectativa era de que o São João arrastasse cerca de 21,6 milhões de brasileiros para os “arraiás” e festas comemorativas do Norte ao Sul do país. Este ano, o número deve ser superado.
Na celebração dos santos juninos, Pernambuco é destaque certo. Com tradições que envolvem dança e música, cultura rural e gastronomia típica, a celebração movimenta a economia do estado e é aguardada com altas expectativas pelo comércio. Não é à toa que Caruaru e Petrolina são conhecidos nacionalmente por suas quadrilhas, fogos de artifício, músicas de forró e muitas cores para embelezar as festas populares. Em Caruaru, no Agreste pernambucano, o São João de 2024 bateu o recorde, movimentando R$ 688 milhões, de acordo com a prefeitura. Já em Petrolina, no Sertão, no mesmo ano, foram destinados R$ 6,3 milhões apenas para a programação das festas, segundo dados do Painel dos Festejos Juninos.
Apesar disso, o Recife não fica para trás. Na capital pernambucana, os mercados e padarias se preparam para o período junino com opções variadas de receitas com milho e buscam superar as vendas de 2024. Em um supermercado localizado em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, a pamonha é vendida por R$ 11,29 a unidade; já a canjica, por R$ 10,39. Flavio Trajano, gerente do estabelecimento, fala sobre as expectativas para as vendas neste São João: “O movimento só começa mesmo entre os dias 18 e 20. Mas, a gente sempre espera uma venda superior à do ano passado, algo em torno de 10% de crescimento". Sobre a procura da clientela, ele completa: “As comidas que o pessoal geralmente procura são a pamonha, a canjica e o milho. Nessa época, também vendemos muitas bebidas alcoólicas”.
A auxiliar administrativa Mara Lessa mora no bairro de Boa Viagem e conta à reportagem que aprecia as festividades de São João, porém, se impressiona com os valores das comidas típicas. “Adoro pamonha, canjica, milho cozido, assado, bolo de milho... Pena que esse ano eu achei o milho muito ‘carinho’ e o coco também".
Em outras regiões da cidade, as opiniões seguem similares. A neuropsicanalista e artesã Cristiane Sales, que mora em San Martin, na Zona Oeste, também se surpreende com os altos preços: “A mão de milho, no ano passado, estava entre R$ 30 e R$ 50. Este ano já fica entre R$ 50 e R$ 70; e isso sem falar na péssima qualidade das espigas… é um milho magro, ruim, com bago estreito, muito cabelo. Como a gente diz no interior, embonecado”.
Já nos entornos da capital, os preços parecem estar mais favoráveis aos moradores. A cozinheira Maria José da Silva, de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), fala dos valores que encontrou ao comprar milho para os preparos do último São João: “Eu comprei a mão de milho por 50 reais, que tem 50 unidades. A espiga, comprei por 2 reais, mas tem lugar que vende por 3”.








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